Gabriel García Márquez: o escritor em seu labirinto
Um trabalho acadêmico sobre Gabriel García Márquez serviu para resgatar memórias pessoais e ao mesmo tempo mergulhar na representação dos mitos do heroísmo sul-americano. García Márquez, mestre em desvendar o imaginário de uma cultura pontuada pelo exagero, nos dá no seu livro “O General em Seu Labirinto” um quadro terrível de Símon Bolívar, o ex-líder que faz uma descida aos infernos ao longo de um rio. Exatamente o contrário da ascensão que sua lenda experimenta hoje, cercada de equívocos por meio de eventos políticos.
Por isso, é bom resgatar a literatura no que ela tem de mais contundente, a capacidade de nos abrir os olhos e o coração para as muitas faces da opressão.
Onde andará meu Quixote? A edição espanhola de bolso, em papel bíblia, cheia de ilustrações, que alguém me deu de presente nos anos 1960, deve andar perdido em algum canto da biblioteca improvisada ao longo do tempo na minha casa. Especialmente as ilustrações desse primoroso exemplar são a pista fundamental para analisar o livro de García Márquez. Um quadro representando de Bolívar deitado fez emergir na minha memória os desenhos e pinturas dessa edição comemorativa do romance de Miguel de Cervantes. Nessas imagens, o cavaleiro da triste figura jaz, no fim da vida, enlouquecido e alquebrado pelas lutas contra gigantes imaginários.
leia mais...