POR
EULER DE FRANÇA BELÉM
EM 24/12/2012 ÀS 11:14 AM
Marcel Proust, autor do monumento “Em Busca do Tempo Perdido”, espécie de Louvre literário, foi também poeta de algum mérito, como mostra livro
Marcel Proust, o autor de “Em Busca do Tempo Perdido”, é universalmente conhecido. Mas sua faceta de duelista e poeta é menos conhecida. Em 1896, quando lançou seu primeiro livro, “Os Prazeres e os Dias” (Nova Fronteira, 260 páginas, tradução de Fernando Py), o crítico Jean Lorrain atacou, no “Le Journal”, com acidez: “Qualquer um, hoje, se considera escritor e vem incomodar a imprensa e a opinião púbica com sua pequena glória, a golpe de jantares, influências mundanas, pequenas intrigas de ventarolas. (...) Todos os esnobes querem ser autores. (...) ‘Os Prazeres e os Dias’, do sr. Marcel Proust: melancolias graves, frouxidões elegíacas, pequenos nadas de elegância e sutileza, ternuras vãs, flertes inanes em estilo precioso e pretensioso”. Possesso, Proust desafiou-o para um duelo. Lorrain aceitou e duelaram, em Paris, sob os olhares de uma plateia animada. Nenhum acertou os tiros e ficou por isto mesmo. Lorrain despontou para o anonimato — porque aquilo que apontava como “defeito” era “virtude” (como o estilo era praticamente desconhecido, soava estranho) — e Proust refinou a qualidade de sua literatura, que já aparecia em relances no livro criticado, e nos legou uma bíblia da sociedade francesa de seu tempo, “Em Busca do Tempo Perdido”.
Se o prosador é sobejamente conhecido, o poeta é, por assim dizer, assunto para iniciados. A faceta lírica de Proust, nota Manuel de la Fuente (jornal “ABC”, de 4 de novembro deste ano), é pouco conhecida. “Creio que os poemas de Proust são praticamente desconhecidos na França e na Espanha”, frisa o tradutor Santiago Santerbás. No Brasil, o professor Carlos Felipe Moisés traduziu, com precisão, oito poemas de Proust incrustados em “Os Prazeres e os Dias” e publicou um ensaio esplêndido, “Proust, um poeta fin-de-siècle”. Embora não se considerasse poeta, Proust publicou dezenas de poemas, que, lançados primeiramente na França, agora saem no livro “Poesía Completa” (pela editora espanhola Cátedra, 368 páginas), com tradução de Santiago R. Santerbás.
leia mais...