Réplica: Senna não é Pelé (Ainda bem!)
Todos os mitos — sejam eles religiosos, culturais, esportivos, históricos ou de outra ordem — podem e devem ser questionados. É preciso esmiuçá-los, investigá-los, analisá-los, para que se chegue à razão da mitificação. Porém, ao mesmo tempo em que se fazem questionamentos ao objeto mitificado, não se pode negá-lo: fazer isso seria como negar o próprio ser humano e suas evoluções.
Guardadas as devidas proporções (tanto de alcance quanto de permanência), no Brasil existem poucas personalidades que merecem essa alcunha: Pelé, Roberto Carlos, Ayrton Senna, Silvio Santos e Lula compõe o grupo daqueles que foram além dos seus limites e se tornaram uma espécie de inconsciente coletivo.
E o que fez mitificar todos esses nomes? Uma conjunção de pelo menos três fatores: 1) o carisma natural, o dom de comunicação e expressão de cada um; 2) a boa imagem pública cultivada — até mesmo Lula, nos grandes escândalos, sempre escapou 'ileso' —, obviamente impulsionada pela televisão; 3) os êxitos e as capacidades em suas áreas profissionais. É possível afirmar que os dois primeiros tópicos não teriam qualquer efeito, e talvez nem existissem, não fosse o último: pessoas públicas só alcançam tão elevado patamar de popularidade e admiração se realmente forem além daquilo que se espera (e se pode esperar) delas. O que não, necessariamente, os torna seres acima de qualquer suspeita, inquestionavelmente superiores a todos os outros que tenham se aventurado na mesma área.
Pensando no esporte, é indiscutível que Pelé e Senna foram e são os dois maiores nomes brasileiros, por mais que se considere o peso de Garrincha, Piquet, Ronaldo ou Emerson, ou que se faça louvor a gente do porte de Gustavo Kuerten, Adhemar Ferreira da Silva e Oscar Schmidt. Senna e Pelé se tornaram ícones do esporte brasileiro e verdadeiras referências mundiais do país. Por isso, é normal que aconteçam exageros em torno de ambos, não somente com relação aos profissionais mas também para com os seres humanos.
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